6 de julho de 2011

Pênsil

Na volta eu parei no rio
subi a ponte, olhei a água passando
e eu contava o tempo
pra pensar se você volta
se eu volto
e se ali tinha um lugar pra mim
no meio de todas as suas lembranças
se ali tinha um espaço
quarenta centímetros mais perto
do que você do meu lado.


Deixa a minha mão ali
e eu encontro um lugar confortável
onde eu caiba
assim junto
por cima de mais coisas
do que você queria lembrar
mas eu podia ser uma memória nova
se você ficasse
um pouco mais perto
e esperasse pra ver
que talvez desse lado
a gente fizesse um pouco mais de sentido
e eu achava
que eu podia te encontrar
aqui
então te convido de novo
pra amanhã e as outras noites
pra saber se com o tempo eu te acho
que por aqui a gente se resolve
um pouco mais pra cá
pra eu não ter que te chamar
sem parar
pra vir pra mais perto
pra vir pro meu lado
pra eu não ter que me despedir
e ir pro rio
subir a ponte
e olhar a água toda passando
pra eu não me perguntar
se você voltava
e só esperar
que o dia fosse outro
e que as noites fossem outras
uns quarenta centímetros mais perto
mais grudado
pra saber se fazia sentido
sei la
descobrir assim
quase por acaso de novo
o meu lugar
num lugar diferente dessa ponte
porque a água corre
sem parar
mas alguma coisa
fica.


Fica você também.




Henrique Rochelle

2 comentários:

  1. Tá seguindo o Blog dele também, Ká? Achou pelo meu perfil não foi...? ÓTIMOS escritores.

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