20 de abril de 2011

História

Se sentia no lugar, porque sempre tinha alguém pra dizer que era estranho. Encarando daquele jeito e procurando respostas nos olhos dos outros. Sempre a três segundos de parar um completo desconhecido pra perguntar ‘qual é a sua história?’ e sempre esperando que a resposta fosse ‘sei lá... eu só te olhei e... fez sentido’ . mas ainda não fazia. Silencio também é uma forma de resposta. Ultimamente esperava mais. Sei lá. Tinha desencantado. Desistido, talvez. E por isso só esperava, esperava, pra ver quem vinha, quem aparecia. E todos pareciam ir embora. Até Ele ia viajar e como ficava? Esperando. Que o tempo não fosse muito, não fosse longo e ele não se sentisse tão sozinho que precisasse parar desconhecidos na rua e perguntar ‘qual é a sua história?’, esperando que dessa vez não tivesse hesitação. Que dessa vez, sei lá... só fizesse sentido. Menos pesadelos, menos medo, menos acordado e talvez mais dormindo juntos. Mas era sozinho. Um tipo sozinho daqueles que olha nos olhos dos outros e espera. Me diz qual é a sua história. E a própria história interessava pouco, quase nada. Continuava aos poucos deixando de ser e procurando nos olhos dos outros histórias que sei lá... só fizessem sentido. Simples assim. Não me deixa, não me deixa, não me deixa. Acordava no meio da noite murmurando. Perdia a hora. Perdia a razão. Perdia a vontade. Procurava nos olhos dos outros, perguntando, mas só pra si mesmo, ‘qual é a sua história?’. Olhos errados.



Henrique Rochelle

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