18 de setembro de 2010

Viajando

Era quase primavera.


Passageiro,
queria só pegar a passagem
e partir
destino pra onde fosse
mas o caminho era grande
e tudo parecia mais
longe
com as luzes assim
borrando na velocidade.
Então parou pra olhar
mas era de noite
e tudo estava escuro
demais.
Sem sinal de vida.
Toda a gente dormindo,
muito quieta,
cada um no seu banco.
E do seu lado,
vazio mesmo,
ainda tinha um ombro,
procurando colo
e um sonho pra se ajeitar,
pra se acomodar
no formato do seu corpo.
Porque tinha medo do escuro.
Do caminho e da distância.
Tinha medo de estar sozinho.
E uma vontade
ainda maior
de estar com você.
Sem saber quem era você
mesmo.
Sem saber quem era você
assim, quando já fica de noite
e esfria de repente
e todo mundo por toda parte
já foi dormir
e em silêncio a gente sonha
com uns braços que não conheceu
e espera companhia
pra sonhar junto
porque o caminho é imenso
e a gente sempre pode decidir
descer (juntos)
na próxima estação.


Henrique Rochelle

Nenhum comentário:

Postar um comentário